Apesar da previsão da própria organização, o dia nasceu
lindo, e às 6:30, eu estava em uma das barcas cruzando para a linha de partida,
em Niterói... A barca cheia de camisetinhas amarelas, seguia paralela o nosso
desafio: o monstro de concreto e seu temido vão central. Alguns se alongando
ali mesmo, alguns trocando espectativas, experiências e, infelizmente, até
fármacos suspeitos para melhorar a performance.
Saindo da barca, todos conduzidos para a área de espera, no
Caminho Niemeyer. Lá encontro nossa amigas Simone e Elisângela (que corre pela Twitter
Runners).
Distribuição de água, sistema de som, guarda-volumes,
banheiros, tudo certinho enquanto a galera se aquecia. Mesmo com céu limpo e o
sol aparecendo, fazia um pouco de frio, e pude notar, em algumas lixeiras,
blusas e agasalhos. Fica então a sugestão para as organizações de corridas que
começam muito cedo nessa época do ano (Ponte, Golden Four, Maratona do Rio,
Meia Maratona Internacional), montar um recolhimento de agasalhos no ponto de
largada. É algo que acontece na Maratona de Nova York. O frio é de arrepiar e
algumas pessoas vão com um agasalho velho e descartam na partida (geralmente na
própria pista) e a organização recolhe e doa para instituições de caridade.
Fiz meu alongamento, mas não quis aquecer, pois já sentia
uma leve pontada na panturrilha. Frio, ansiedade (tive muita para essa
corrida), falta de musculação, calçados inadequados nos dias anteriores? Vai
saber... O fato é que isso me deixou meio preocupado.
Hora da largada, vi funcionar, pela primeira vez nesses
quase quatro anos de corrida, uma largada por ritmo. Cada corredor recebeu uma
pulseira colorida de acordo com o ritmo de corrida que havia declarado na
retirada de kit e só era admitido na zona de partida quando era chamada a sua cor. Assim, após a elite feminina sair, foi a vez
elite masculina seguida pelos azuis e laranjas, depois os verdes, minha
categoria e da Simone também. Acho que ainda havia os roxinhos atrás de mim, mas não vi nenhum
deles.
Tirando o mau cheiro do mercado de peixes, o primeiro
quilômetro foi marcado pela presença dos moradores de Niterói, que incentivava
a galera.
Um pequeno sobe-e-desce logo no começo: subir para a ponte
(e claro, foram inevitáveis as piadinhas ao cruzar o pedágio, nenhuma delas
engraçada de verdade...), descer pelo acesso de serviço (que eu nunca havia
percebido que existia) e subir novamente. Nessa passagem, alguns mijõezinhos
pararam para se aliviar, como se não houvessem banheiros lá atrás, na largada.
Vergonha! Ainda mais por que logo após a subida, já no quilômetro 3, a
organização se deu ao trabalho de colocar diversos banheiros químicos.
No mesmo quilômetro 3, o primeiro posto de hidratação (e
desidratação também, já que haviam os banheiros) e, para minha surpresa,
distribuição de Gatorade (a surpresa vem da distribuição acontecer tão no
começo da corrida).
Aqui cabe uma nota. Vi a galera do Gatorade resolver um
problema que sempre me incomoda nas corridas: beber o isotônico sem parar de
correr e também sem lambuzar a cara toda. Dessa vez a bebida foi colocada em
saquinhos plásticos, no melhor estilo sacolé. Valeu, galera do Gatorade
(lembrando que a empresa não bota um tostão aqui no blog)!!. Apesar de ter
curtido a idéia, passo direto, ainda acho muito cedo para isso.
Foto de Carlos Vieira |
A visão à frente agora é a do vão central, sempre mencionado
como o terror da corrida. Alguns meses antes, nosso amigo, o Guia
Intransigente, havia postado uma foto no Facebook, tirada do cume de uma das
montanhas do Rio e mostrando o trecho como um triângulo de inclinação tão
intimidadora que até eu fiquei preocupado. Passada a corrida e reavaliando a
foto, que eu deseja incluir entre as fotos do blog, sinto lhe dizer amigo, mas
aquela impressão de ladeira diabólica é uma distorção ótica, causada pelo zoom
da lente fotográfica que “achata” as curvas.
Pra quem fez seus treinos de subida direitinho, essa foi tranqüila,
mas foi a partir daqui que eu vi a galera começar a quebrar. Antes mesmo da
subida, uma ambulância passa por mim e me lembro de ter pensado: “Mas já?”.
Vencido o vão central, era administrar a dor na panturrilha
e, literalmente, correr para o abraço, pois além da Lôra, e dos amigos que, eu
sabia, estavam na chegada, à minha esquerda estava o Cristo Redentor, de braços
abertos. À minha frente, o Pico da Tijuca, e à direita e um pouco atrás, o Dedo
de Deus e a Serra dos Órgãos. Todas elas montanhas queridas que freqüento desde
a infância... estava em casa.
O folclore de sempre estava presente: o cacique, a galera
que corre descalça, os super-herois (Homem-Aranha e Homem de Ferro dessa vez),
o homem-planta. Mas o que ficou na minha lembrança não foi tanto os
folclóricos, mas um senhor (digo senhor por que certamente tinha mais idade do
que eu, e eu já me acho um “senhor”...) que não corria, vinha em marcha. Quando
o avistei pensei que iria passar logo por ele, mas ritmo dele vinha bem perto dos
6:30 min/km. Se estivesse de boné, eu tirava para ele.
Ali pelo km 12 eu já estava contando com uma distribuição de
Gatorade, mas era apenas água nesse posto de hidratação. Abro meu sachê de
carbohidratos e aproveito a água para empurrar aquilo garganta abaixo.
Km 14! Oficialmente era o fim da ponte... e o começo da
Perimetral. No ano passado, o calcanhar de Aquiles para muita gente, mas dessa
vez, com um clima mais agradável, não foi tanto suplício, e ainda haviam dois
chuveiros de neblina no percurso.
Toda vez que corro pela Perimetral penso que pode ser a última, então a ordem é aproveitar.O sol até que não castiga tanto, mas foi
agradável chegar à sombra do INTO, antigo Jornal do Brasil.
Km 15 ou 16... finalmente o Gatorade, mas uma decepção:
servido em copinhos, não nos sacolés de lá do começo. Tive que parar e tomar de
uma vez. O asfalto colava, melado de tanto isotônico derramado na pista.
Vacilo, hein, galera do Gatorade!!
O sobe e desce do finalzinho da Perimetral passou
despercebido. No penúltimo posto de hidratação (bem onde eu mais desejei) já
não havia mais água. A vontade de aumentar o ritmo é forte, mas a dor na
panturrilha também e isso não é hora de quebrar... A descida definitiva e o fim
da Perimetral foram muito bem-vindos.
Chegando no aeroporto, Olguinha está, tal qual um
franco-atirador, posicionada na passarela fazendo fotos. Aceno e sigo para a
última subida, a placa dos 21km já passou e já estamos nos adicionais da
corrida (A corrida da Ponte tem cerca de 500 metros a mais).
No alto da subidinha, minha Lôra aguarda de câmera em
mãos. Mando um beijo e acelero...
Acabou!! Na reta final, os amigos Renato e Renata gritam e acenam e finalmente
cruzo a linha de chegada: 2h21min34s!!
Não posso evitar de beijar a medalha, foi muito suor para
chegar ali.
Encontro Simone, que chegou alguns minutinhos antes e logo
depois o resto da turma. Hoje somos poucos, saudades dos ausentes.
Nossa massagista oficial cuida dos atletas, parece que virou
rotina nos 21km: eu escangalho as panturrilhas e a Olguinha conserta.
Carla Cris chega, reclamando de uma unha encravada.
Organização, vamos colocar uma pedicure de stand-by, por favor!!
Essa é uma corrida pra gente grande. Com o corte por índice,
termina que só as pessoas mais acostumadas a correr participam (se não me
engano, por volta de 8 mil inscritos), o que deixa a prova muito homogênea.
Principalmente por causa da largada por ritmo, não teve gente atrapalhando
caminhando e o tempo todo corri acompanhado pelas mesmas pessoas. Gente que já participou de outras meias, então aquela ali era “mais” uma, o que deixou a
corrida meio sem emoção, mas tecnicamente, foi perfeita. A organização
realmente corrigiu os erros do ano passado e a alteração da data foi decisiva
para uma temperatura melhor e menos atendimentos médicos. Spiridon/Dream
Factory estão de parabéns, a mais bem organizada que já participei.
Meus Parabéns:
Para amiga Simone, colega de pista.
Para organização, deu show!!
Meus agradecimentos:
Para minha Lôra, o apoio nº1!
Para Olguinha, que sempre conserta minhas panturrilhas
depois dos 21km.
Para os amigos Renato e Renata, que acordaram cedo e vieram
de Barra do Piraí só para assistir minha chegada!!
E agora, rumo à Golden Four Asics!!
Só para finalizar, tá certo que essa é uma corrida cabeluda,
mas faz sentido clínica de depilação distribuir folheto na chegada??!!
Muito bom o relato da prova. Até parece que participei da corrida. Pelo jeito a alteração da data reduziu o número de atendimentos e as "quebras"
ResponderExcluirParabéns Redi e Simone pela participação e pelos tempos, que foram muito bons.
Até a Golden Four
Essa corrida foi D+, eu que deveria ter ficado de "molho"...rs Teimosia é fogo, mas com essa história de demolirem a perimetral, tive que correr de unha inflamada mesmo, vai que em 2013 não tem mais perimetral. #lamentável. Quanto ao sacolé em Gatorade, já vi em outras provas, inclusive na São Silvestre. O problema que acaba rápido, e eu retardatária quando chego, só tem o de copinho..rsrs Minha próxima corrida é a Meia Maratona da Caixa. Boa corrida galera!
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